Mais do que uma data comemorativa, o Dia do Orgulho Autista é uma afirmação de identidade e respeito
No dia 18 de junho, o mundo celebra o Dia do Orgulho Autista. A data foi criada com o intuito de transformar a maneira como a sociedade enxerga o Transtorno do Espectro Autista (TEA), reconhecendo suas características e necessidades únicas para que existam as indispensáveis adaptações físicas comportamentais e legais em todos os espaços.
Diferente da maioria das datas comemorativas, esta não foi criada por instituições, mas por pessoas autistas em 2005, no Reino Unido. Elas faziam parte da organização Aspies for Freedom que, numa tradução livre, significa Aspies – a maneira coloquial de definir pessoas que têm Síndrome de Asperger, classificada como tipo de Transtorno do Espectro Autista desde 2013 – pela Liberdade.
Mais do que uma campanha de conscientização, a data foi instituída como um movimento de afirmação e orgulho. A ideia foi incentivar os autistas a terem orgulho de suas especificidades, da sua vivência e modo de viver, que por muito tempo foi construída com base no medo, na culpa e na tentativa de “corrigir” os comportamentos. O grupo defendia que o autismo não é uma doença a ser curada, mas uma forma diferente de perceber, processar e se relacionar com o mundo.
Ao longo do tempo, o Dia do Orgulho Autista passou a ser comemorado em diversos países, com sua ideia central ganhando cada vez mais força: ninguém deve sentir vergonha de ser quem é.
Mas o que significa ter orgulho de ser autista?
Para muitos pais e familiares, principalmente após se depararem com o diagnóstico de TEA dos filhos, é comum que surjam os sentimentos de medo, dúvida e até um tipo de “luto”.
Mas isso acontece porque boa parte da sociedade trata o autismo como algo a ser “consertado”, enquanto a data surge com uma nova proposta: mudar a narrativa sobre o espectro, acolhendo, compreendendo e valorizando a pessoa como ela é.
Portanto, ter orgulho de ser autista significa:
- Aceitar a própria identidade: o autismo não é algo separado da pessoa que faz parte do espectro, é parte dela. Ter orgulho pe reconhecer isso sem querer apagar ou esconder quem se é;
- Respeitar os próprios limites e potencialidades: não se trata de romantizar as dificuldades, mas de entender que cada pessoa autista tem seus próprios desafios mas também forças singulares;
- Celebrar a neurodiversidade: compreender que não existe uma forma única e certa de ser ou pensar; as diferenças enriquecem nossa convivência;
- Romper com o estigma: orgulho é o antônimo de vergonha, então mostrar orgulho é resistir à invisibilidade e preconceitos que o autismo esteve envolto por muito tempo;
- Lutar por direitos, com dignidade: ter orgulho de ser autista é também exigir inclusão, acesso à educação adequada – do ensino primário ao superior -, apoio terapêutico e respeito às relações sociais
E porque isso é importante para as famílias?
Para pais, mães e cuidadores de crianças com autismo, cultivar um olhar mais positivo e respeitoso sobre o TEA também transforma o ambiente familiar.
Por isso, em vez de focar no que a criança “não consegue” realizar, o ideal é enxergar o que ela precisa para conseguir se desenvolver com mais segurança, amor e dignidade.
Além disso, ao reconhecer e valorizar essas singularidades, a família também contribui para que a criança cresça com autoestima, segurança emocional e pertencimento – que são ferramentas essenciais para viver no mundo lá fora, quando adulta.
A Tear aproveita este momento para celebrar, mas para gerar reflexão e debates. É um convite para eliminar os estigmas e abraçar uma visão mais empática, plural e respeitosa da existência humana.